quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Receita de Ano Novo!


Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
Para você ganhar um ano
Não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
Mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
Novo até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
Novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
Mas com ele se come, se passeia,
Se ama, se compreende, se trabalha,
Você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
Não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
Passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
Para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
Pelas besteiras consumadas
Nem parvamente acreditar
Que por decreto da esperança
A partir de janeiro as coisas mudem
E seja tudo claridade, recompensa,
Justiça entre os homens e as nações,
Liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
Direitos respeitados, começando
Pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
Que mereça este nome,
Você, meu caro, tem de merecê-lo,
Tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
Mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
Cochila e espera desde sempre.

Poema belíssimo de grande Carlos Drummond de Andrade  

domingo, 12 de outubro de 2014

Às Crianças


Como posso não amar e agradecer estes pequenos?
Se mesmo hoje, em mim, ainda trago meios traços,
De uma infância sorridente de bagunça e estripulia...
Onde tudo acontecia, no meu eu, seguindo um certo manual.

É nos sonhos de criança, aqueles meros, fictícios...
Onde não havia dor, nem choro ou dias de azar...
É exatamente nesses planos calculados, cronológicos...
Que entendo minha alma, minha ânsia de amar.


 Sandra Cotting

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

Descoberta


E de repente aquela torpe fantasia se evapora, desintegra,
Já não tenho mais meu eu...
Minha existência que por vezes pareceu desmerecida,
Agora certamente encontrou razão de ser.

Descobri que sou estrela,
Que encanta com seu brilho refletido...
Que precisa de um sol, de um guia
De uma alma dominante eu seu altar.

sábado, 5 de julho de 2014

Submissão


Te proponho o meu servir,
e confio o meu corpo em tuas mãos.
Te anseio, te aceito e a ti me submeto...
Aos teus pés, me coloco em devoção.




quinta-feira, 12 de junho de 2014

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Mudanças...

Mudança... palavra tão grande, arrastada, estafante.
Palavra encharcada de medo e anseio... de peito estufado.
Palavra pesada...  Que arrasta e protela... que se faz de medrosa...
Ou até faz prontidão... empata ou empurra, em qualquer direção.

Palavra de ordem... de perdas e ganhos...
Certezas e  enganos... mergulhos ao léu...
Temporal de emoções... de alegrias, de sonhos...
Que deixa o "humano" sentir-se em desordem.

Fazer-se certeiro diante da mesma, é mesmo distante...
Mudança enxerida, as vezes sonhada... mas que inesperada,
Assusta e encanta, se faz alvorada ou escuridão.
Provoca tremores, sorrisos, temores... desejo e preguiça em igual proporção.

Mas mesmo diante de tantos poréns, certezas incertas...
Aquilo que somos ou queremos ser, aquilo que atrai o que é de direito...
Demais necessita de certas mudanças...Do véu invisível do nosso destino...
Rompê-lo então é o que podemos... Permear a razão com aroma e paixão.

                                                                               (Sandra Cotting Baracho)